Sallar Isha - Foto Dr Yusuf Adamu

Sallar Isha - Foto Dr Yusuf Adamu

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mouros,Inquisição,Síntese Histórica da Península Ibérica


A História antiga dos povos que habitavam a terra hoje denominada Portugal, está intimamente ligada a história da Espanha e, torna-se difícil separa-las.
Antes que a Espanha formasse uma só monarquia, estava dividida em vários estados, cada um com seu governo particular. Os habitantes desta região eram divididos em vários
povos, cujos principais eram:
Ao Norte os Cantabros, Astures, Vascos ( Bascos ),Ilergetes,Calaicos
Ao Sul os Bastilanos, Turdetanos e Celtas.
Ao Leste os Edetanos, Contestanos.
A Oeste os Lusitanos
No Centro os Celtiberos, Carpetanos, Oretanos, etc.
A Espanha era chamada Hesperia e também Ibéria pelos Gregos e Hispania pelos Romanos, que após haverem vencido completamente os Cartagineses a sujeitarão ao seu poder desde os anos 149 antes de Cristo, até o princípio do século V, e a dividiram em duas províncias:Espanha Ulterior e Espanha Citerior,na Ulterior compreendia-se a Bética,isto é ,Andaluzia e a Lusitânia,na Citerior o restante da Espanha.
Mas de um século e meio os Lusitanos se defenderam contra as Legiões Romanas; no princípio do século V o Império Romano foi invadido pelos Bárbaros do norte da Europa,oriundos principalmente da Scandinávia e da Germânia;que depois de terem saqueado Roma e destruído grande parte da França,invadiram a Espanha,que foi dividida entre os Alanos,Vândalos e Suevos ,ficando os últimos com a maior parte da Lusitânia.No fim do mesmo século,os Visigodos sob o comando de Eurico,vieram a fundar na Espanha uma monarquia,que acabou no ano de 714 com a invasão dos Árabes ou Sarracenos.
A Espanha foi governada por vários governadores indicados pelos Califas e,que tinham poder ilimitado.Alguns destes governantes criaram vários Reinos ao sul da Espanha tais como Valência,Córdoba,Granada.Ao norte os espanhóis lutaram e conseguiram estabelecer os Reinos de Astúrias,Leon,Oviedo etc.
A expulsão dos Árabes da Espanha assim como a união de todos os estados a um só,aconteceu no fim do século XV,com o reinado de D.Izabel e D.Fernando o Católico,que data o início da Monarquia Espanhola.
A origem do nome Portugal vem do nome de uma povoação do Rio Douro conhecida como Cale de onde gerou Portus Cale e o seu atual nome.
Três Dinastias reinaram em Portugal:
A que principiou com o Conde D.Henrique até D.Fernando em 1383.
A do Mestre de Aviz D.João I,o heróico e valoroso Rei escolhido pelo povo,que vai até o Cardeal Rei D.Henrique em 1580.
A de Bragança, que teve seu início em 1640.
As preocupações em reaver as terras conquistadas pelos Mouros eram muito grandes e no histórico das sucessivas dinastias encontramos várias batalhas que se estenderam até a expulsão tanto de Mouros como Judeus.
Na cronologia de guerras, o Conde D.Henrique já havia conquistado muitas terras que estavam sob o domínio dos Mouros. Entre os anos 1101 e 1103, levado por razões desconhecidas ou talvez ligada a sua devoção peregrinou D.Henrique a Terra Santa (Israel),pouco antes conquistada pelos Cruzados.
D.Henrique faleceu no dia 1 de Novembro de 1112 aos 77 anos, é considerado o verdadeiro fundador da nacionalidade portuguesa.
Após a morte do conde D.Henrique, ficou como regente a Rainha D.Thereza, pois Afonso Henriques, filho de D.Henrique, tinha de 3 anos na época e sua mãe foi sua tutora.
Há muito tempo Portugal vinha combatendo os Mouros, mas o reinado de D.Thereza não seguia bem; De forma que nos anos 1120 e 1211, a Rainha viúva tinha relações particulares com D.Fernando Perez de Trava;conhecido como grande senhor da Galiza,que deram origem a grandes comentários da população.
Em 1128 tendo o Infante D.Afonso 19 anos, vendo a possibilidade de sua mãe e tutora D.Thereza de despojá-lo do seu direito a sucessão preferindo D.Fernando Perez de Trava,declarou guerra ao partido da Rainha e venceu na famosa Batalha de S.Mamede em 24 de junho de 1128.
Após a morte da Rainha no ano de 1130, os portugueses chamavam Rei ao Senhor D.Afonso Henriques, porém o mesmo só tomou este título depois da Batalha de Campo Ourique.
D.Afonso sustentou o cerco de Coimbra contra o Rei Mouro El June que trazia um grande exército e venceu os Mouros duas vezes Lei ria e Torres Novas. No ano 1139 desbaratou no Campo de Ourique, o poderoso Rei Mouro Ismail, que tinha como confederado outros quatro de sua nação.
D.Afonso sempre inimigo e vitorioso sobre os Mouros conquistou as Vilas de Palmela, Oreto (Urît),Almada (Al Madin ),Cintra, Alcacer do Sal (Al Kasr Al Baja ), Beja, Évora, Monte, Serpa e Coimbra onde venceu o Rei Mouro de Badajoz ( Badahus ), derrotou também Al Baraque, Rei Mouro de Sevilha.
Sendo já de idade avançada derrotou o Miramolim ( Amir Al-Mu`Minin ) do Marrocos, Aben Jacob e outros três que tinham cercado em Santarém seu filho Infante D.Sancho, o qual com sua lança feriu mortalmente o Rei Mouro na passagem do Tejo.
A presença Mourisca assim com os Judeus era uma realidade, e nos anos que se seguiram,continuavam as guerras contra os primeiros objetivando a sua expulsão da Península Ibérica. D.Sancho II ( O Capelo ),obteve muitas vitórias sobre os Mouros até o ano de 1242,reconquistando as Vilas de Alentejo,Algarves Al Gharb ) ,Elvas ( El Bash ),Juromenha ( Al Julumaniya ),Serpa,Aljezur ( Al Jazirah ),Mertola (Murtalah ),
Cacela e Tavira.
D.Sancho foi deposto do governo, assumindo o governo seu irmão D.Afonso, Conde de Bolonha, que então se achava na França. Faleceu D.Sancho de desgosto em Toledo na Espanha.
A Genealogia da Casa Real contou ainda com os seguintes Regentes:
D.Afonso III (O Bolonhes) – 5º Rei
D.Diniz ( O Lavrador ) – 6º Rei
D.Afonso IV ( O Bravo ) – 7º Rei
Este Monarca assistiu a grande Batalha de Salado em 30 de Outubro de 1340, na qual os Mouros foram vencidos pelos exércitos unidos de Castela e Portugal.Sendo por conta desta Batalha, El Rei D.Afonso IV convidado por seu genro El rei de Castela para ajudar a expulsar os Mouros da Andaluzia.
D.Pedro I ( O Justiceiro ) – 8º Rei
D.Fernando ( O Formoso ) – 9º Rei
Mal aconselhado por D.Pedro ( O Justiceiro ),acreditava ser injusto possuidor da Coroa El Rei D.Henrique;pretendia aquela Coroa por ser bisneto do El Rei D.Sancho.Para este intento se associou ao El Rei de Granada e ao El Rei D.Pedro de Aragão.
D.João I ( De Boa Memória ) – 10º Rei
Em 2 de Fevereiro de 1387,recebeu na cidade do Porto a Senhora Felipa,filha do Duque de Lancaster e, com esta aliança recuperou todas as povoações e praças que tinham sido tomadas por El Rei de Castela.Tendo nesta época o Duque intermediado um Tratado de Paz com El Rei de Castela e El Rei D.João I.Os dois Reinos só chegaram a paz no ano de 1411.
Estabelecida a tranqüilidade em Portugal, El Rei foi pessoalmente a Ceuta para combater os Mouros; para esta ação mandou compor uma armada com 220 Velas e venceu os Mouros em 1415,abrindo assim o caminho para maiores conquistas.
D.Duarte ( O Eloqüente ) – 11º Rei
Casou-se com D.Leonor, irmã do El Rei de Aragão.
No período do seu reinado, foram feitos prisioneiros D.Fernando, irmão do então El Rei e o Infante D.Henrique,quando empreenderam Batalha contra os Mouros na cidade de Tanger,hoje no Marrocos, no ano de 1437, para salvarem suas vidas prometeram entregar Ceuta.
D.Afonso V ( O africano ) – 12º Rei
Este Rei querendo dar provas do seu zelo pela Fé em Jesus Cristo, aceitou o convite que o Papa Calisto III lhe fez e também a outros Príncipes Católicos de ir combater os Turcos.
Lutou na África onde tomou Alcácer Quibir ( Al- Kasr Al- Kebir ) no ano de 1458 e, em 1471 tomou Tanger e Arzila,feitos que lhe valeram o título “ O africano ).

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mouros,Judeus e Cristãos Novos


D.João II ( O Príncipe Perfeito ) – 13º Rei
Publicou leis contra o luxo; Deu muitas provas que amava a Religião Cristã; fez todos os esforços para que os Judeus, que expulsos de Castela, se refugiaram em Portugal se convertessem a Fé Cristã. Exigiu aos Judeus refugiados 8 Cruzados de Ouro por cabeça,pelo direito de entrar no Reino e determinou que permanecendo ali por certo tempo seriam reduzidos a condição de escravos.Ele obrigou os Judeus a batizarem os seus filhos e, enviou violentamente grande número deles para a Ilha de São Tomé na Costa da África.
Entre outros feitos fundou o Castelo de S.Jorge da Mina que fica na atualmente Gana na África no ano de 1482.
Mandou também que Diogo Cão continuasse os descobrimentos na Costa Ocidental da África, onde o navegador descobriu o Reino do Congo.
Foi este Rei que impetrou em 1531, do Papa Clemente VIII o Tribunal da Inquisição ou Santo ofício admitindo assim Portugal na Companhia de Jesus. A Inquisição, porém não se estabeleceu neste reinado e sim em 1536.Enquanto isso vigorava desde de 1530 na Espanha as ordens do mesmo Papa Clemente,para os Inquisidores absolvessem os Mouros de Aragão,Valencia e Cataluña que tinham apostatado.
No reinado de D.João, apoderaram-se os Mouros ajudados pelos Turcos de alguns lugares da África, que estavam sob o domínio de Portugal.
D.Manuel ( O Venturoso ) – 14º Rei
Era D.Manuel, Duque de Beja, filho de D.Fernando e neto do El Rei D.Duarte.
Recebeu um consórcio de Judeus dirigido pelo Cristão Novo Fernando de Noronha, que lhe propõe a exploração da terra recém descoberta por Pedro Álvares Cabral mediante contrato de arrendamento.
Logrou a glória de chegar as praias de Calecut e introduzir o comércio de suas preciosas especiarias em Portugal.
Acrescentou a seu Império, parte significativa da Etiópia, Pérsia e Índia. Implantou a Religião Católica na Etiópia,Índia e outras partes.
Tendo El Rei D.Manuel pedido em casamento a Princesa D.Izabel de Castela, filha mais velha dos Reis Católicos D.Fernando e D.Izabel, fizeram eles um acordo com a condição de que o Monarca Português entrasse na liga contra a França e também expulsasse dos seus estados os Judeus neles aceitos por El Rei D.João II.
El Rei D.Manuel aceitou a primeira condição; mas cedeu a segunda, contra o parecer de seus Ministros e ordenou que os Judeus se convertessem a Fé Católica ou saíssem do Reino.Aqueles que ficaram foram submetidos a Fé Católica e o povo os chamavam por desprezo “Cristãos Novos,Judeus,Marranos ou Confessos”.As perseguições eram intensas de tal forma que num Domingo de Páscoa no ano de 1507,pareceu a algumas pessoas que no peito de um crucifixo que existia na Igreja de São Domingos de Lisboa,viam um clarão milagroso emanado do crucifixo.Um Cristão Novo que se encontrava ali,observou que aquele suposto milagre não era mais do que o reflexo do vidro do relicário.Isso bastou para que fosse imediatamente arrastado pelos cabelos para fora da igreja,morto e queimado.A população amotinada e revoltada discorreu por toda a cidade,fazendo duas mil vitimas num espaço de três dias;possivelmente muitas dessas vitimas eram Cristãos Novos (Judeus e Mouros).
D.João III ( O Poderoso ) – 15º Rei
Um de seus primeiros projetos foi, prosseguir com as conquistas da Índia. Este projeto fez com que ele relaxasse nas questões dos Mouros, o que foi considerado um desacerto do seu reinado, onde foram perdidas quatro praças, Alcácer Quibir (Al- Kasr Al- Kebir), Arzila, Safin ( Safi ) e Azamor, que antes estavam sob o domínio português.
A este Monarca se deve a colonização do Brasil, começada em 1530.
D.Sebastião ( O desejado ) – 16º Rei
Era muito confiante no seu valor e acreditava que poderia conquistar o mundo e, poderia começar pela África. Tendo o Mulay “Maluk” (Abd Al Malik ) despojado dos Reinos de Marrocos e Fez,o seu sobrinho Mulay Mohamed, veio este ao El Rei oferecendo seus préstimos junto com seus seguidores.
Mulay “Maluk” sabendo dos desígnios do El Rei D.Sebastião, empreendeu todos os meios para dissuadir e alcançar a paz, porém não foi ouvido.
Nomeou El Rei D.Sebastião como governadores, pessoas beneméritas e dignas de confiança e,saíram do Porto de Lisboa em 24 de Junho de 1578 acompanhados do exército do El Rei com 18.000 homens,dos quais 3.000 eram Castelhanos,3.000 Alemães,900 Italianos e o restante Portugueses.Em 4 de agosto do mesmo ano de 1578,foram vencidos nos campos de Alcacer Quibir,pelo exército dos Mouros vindos da Espanha ,que era composto por 150.000 homens.Nesta Batalha morreram Mulay “Maluk “ ( Abd Al Malik ),que estava encontrava doente,Mulay Mohamed e também El Rei D.Sebastião.
D.Henrique - Cardeal ( O Casto ) - 17º Rei
Filho do El Rei D.Manuel e da Rainha D.Maria; foi Prior Comendatário da Santa Cruz de Coimbra, Inquisidor Geral, começou a governar o Reino em 22 de Agosto de 1578 com o título de Protetor.
18º,19º e 20º Reis chamados Intrusos - D.Felipe II,III e IV de Castela e Terras Portuguesas.
D.Felipe, Em 17 Junho de 1587 convocou uma Junta em Madri para se reunir com o Arcebispo de Toledo “Inquisidor Supremo”para tratar de assuntos sobre os Mouros de Granada e Navarra.
D.Felipe ( 3º de Castela e 2º de Portugal),responsável pelas Ordenações Filipinas;
D.Felipe IV ( 3º de Portugal ),Foi deposto.
D.João IV ( O Restaurador ) 21º - Rei
D.Afonso VI ( O Vitorioso ) 22º - Rei
D.Pedro II ( O Pacificador ) 23º - Rei
D.João V ( O Magnânimo ) 24º - Rei
D.José ( O Reformador ) 25º - Rei
Fez acordo com o Rei do Marrocos para tornar livre a navegação na África.
D.Maria I ( A Piedosa) e D.Pedro III -26º - Reis
Herdeira do Reino,nasceu em 17 de dezembro de 1734,casou-se em 6 de Junho de 1760 com seu Tio o Infante D.Pedro,posteriormente D.Pedro III após o nascimento do seu primogênito.
Um dos primeiros atos do governo de D.Maria I,foi concluir um tratado preliminar de paz e de limites com a Espanha,no dia 1 de Outubro de 1777,onde foram restituídas a Portugal o forte e Ilha de Santa Catharina;conservando porém os espanhóis a Colônia do Sacramento com a Ilha de São Gabriel e as duas Ilhas de Ano Bom e Fernando Pó,no Golfo da Guiné e, dando a Portugal em troco uma parte do Paraguai,situada a leste do Uruguai.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A Corte de Madri e a França


D.João VI ( O Clemente ) 27º - Rei
Em 1801, a Corte de Madri e a França declararão guerra a Portugal, por este não querer o Príncipe Regente manifestar – se contra a Inglaterra. As tropas daquelas duas nações, comandadas pelo Príncipe da Paz D.Manoel Godoy, atacaram Portugal; foi uma guerra de curta duração, finalizada pelo Tratado de Badajoz.
Napoleão, convencido de que jamais conseguiria que o Príncipe Regente de Portugal cedesse ao dominado sistema continental, fechando os portos às embarcações inglesas, resolveu invadir Portugal e tira-lo da carta política da Europa.
Quando o então Príncipe Regente D.João VI se viu ameaçado pelo exército francês, embarcou na sua esquadra no dia 29 de Novembro de 1807, com a Família Real, uma parte da Corte e alguns fiéis súditos que desejaram acompanha-lo em sua fuga para o Brasil, ficando os portugueses desamparados sem seu Regente.
Entraram os franceses em Lisboa e o General Junot, depois Duque de Abrantes, foi nomeado Governador.
Após os franceses a Casa Real Portuguesa ainda foi ocupada por:
D.Pedro IV -28º- Rei
D.Maria II -29º - Rainha
D.Pedro V 30º - Rei
A perseguição aos Mouros e aos Judeus foram intensas e implacáveis, até a expulsão total desses dois grupos tanto da Espanha como Portugal, grupos estes que conviveram em paz por um espaço de tempo e tendo neste período a língua Árabe como meio de comunicação. ”No século X a maioria dos Judeus Sepharadim falava o árabe na conversação como veículo de expressão na Península Ibérica”.(Amílcar Paulo –A Dispersão dos Sepharadim-Porto)
Antes da expulsão total foram decretadas várias expulsões em cidades da Espanha e Portugal.
1391 Conversões em massa de Judeus espanhóis ao cristianismo.
1478 Criada a Inquisição Espanhola.
1479 Estabelecido o Tribunal de Inquisição na Espanha.
1502 Em Sevilha a expulsão dos Mouros é decretada no dia 14 de Fevereiro.
1480 A Rainha Isabel ordena a expulsão dos Judeus de Andaluzia.
1482 Criado o Supremo Conselho do Santo Ofício na Espanha.
1492 Tomada de Granada.
1496 Os Judeus são expulsos de Portugal.
1501 a 1526 Conversão forçada dos Mouros ao Cristianismo.
1521 El Rey Carlos I mandou expulsar os Mouros do seu Reino.
1531 Instalação do Tribunal do Santo Ofício em Portugal.
1562 O Santo Ofício proíbe os Mouros o uso da língua Árabe.
1564 O Conselho de Inquisição de Valencia ordenou aos novos convertidos Mouros e Judeus que levassem seus familiares a missa,trazendo-os para Nova Fé.
1571 Mouros e Cristãos Novos começaram a deixar o Reino de Valencia.
1609 Expulsão dos Mouros da Espanha para África.
1622 O Negus (Imperador) Susênios recorreu aos jesuítas para obter apoio da Espanha.
1625 O jesuíta espanhol Alfonso Méndez se converte a Igreja Etíope e torna-se Abuna.
1820 Abolição da Inquisição na Espanha.
1821 Abolição da Inquisição em Portugal..
No intuito de informar o modo como eram vista as pessoas de ascendência Mourisca ou Judaica, escolhemos um fragmento do Processo contra D.Cosme Abenamir, Cristão Novo de Mouro, como chamavam os espanhóis, a saber:

“ En Valencia,30 de Mayo de 1567,en la Sala de Secreto Santo Ofício,el Inquisidor D.Jerónimo Manrique mando venir a un hombre que esta preso en las carceles de este Santo Oficio,y perguntado respondio que;De nombre cristiano se llama Juan Bautista,y de nombre Moro Amet,natural del Cairo,vecino de Sallent,edad cuarenta años,preso desde ayer.Pasando por Benguacil conocio a Don Cosme Abenamir,de color no muy blanco,bien vestido,com espada y hablo com el de lãs tierras de Berberia,muy huenas,que en inverno y en verano dan buenas frutas;y hablaron anbos del Alcoran em términos que le parecio ser Moro Don Cosme”.

domingo, 18 de julho de 2010

A Expulsão da Península Ibérica


Com a expulsão da Península Ibérica de Mouros e Judeus se estabeleceram as vários países da África, como Marrocos, Argélia, Tunísia, Mali e outros. Essa dispersão formou diversas comunidades que deixaram suas marcas até os nossos dias,comunidades mencionadas nos manuscritos do Mali, encontrados pela Família Kati cujo alguns relatados foram mencionados no Livro Los Otros Españoles de Ismael Diadié Haidara e Manuel .Pimentel Siles (de Sevilla).Também
outros relatos antigos como os escritos por Tarik Al Fettash, Ibn Kaldoun,Ibn Battuta, Bubu Hama etc.E estudos mais recentes realizados por Roberto Llorens Reig sobre El Sharq Al Andalus
A partir deste histórico traçamos a conexão entre Mouros, Judeus e Negros cujo cenário principal é a partir do Marrocos, que foi a porta de entrada principal de Granadinos,
Valencianos, Sefaraditas e Negros, que foram expulsos da Espanha e Portugal.
Alguns pesquisadores espanhóis falam que cerca de 300.000 Mouriscos foram expulsos da Espanha. Segundo Roberto Llorens Reig existem registros nos Arquivos Municipais de Alcoi o Patriarca de Valência que atestam a presença de negros africanos das etnias Mandinga, Peulhs de Macina ambos do Mali bem como Igbos, Calabares da Nigéria e Omon ou Ornon vindos de El Mina em Gana.
Com a expulsão dos Mouros de Qustantaniya (atual Cocentaina),os descendentes destes negros africanos fizeram parte dos mais de 11.000 Mouriscos que no dia 21 de Outubro de 1609 saíram de Cocentaina e embarcaram no porto de Denia (Al Dani ) e de Moraira.
Anteriormente a saída destes em direção a África, Djuder Pachá (Diego de Guevara) espanhol convertido ao Islã,reuniu um grande exército com 4000 Mouriscos,500 Europeus,1500 lanceiros Mouros e 1000 soldados auxiliares e 8000 camelos se preparavam para guerra.de Tonbidi.Nesta época Alcácer Quibir era cidade com grande números de Mouriscos e prisioneiros capturados na Batalha,entre esses 1500 espanhóis.
Djuder Pachá foi o 1º Alcaide de Tombuctu e,depois dele outros de Andaluzia se revezaram.Surge a partir desse episódio o governo denominado “Arma “ que deu origem ao povo “Arma” descendentes dos Mouriscos espanhóis e que ainda falam o idioma espanhol.O governo “Arma” pagava tributo anual ao Sultão de Marrakesh,pois havia a crença que os “Armas” eram descendentes de marroquinos,apesar da forte presença Mourisca que já mencionamos.
A presença de Valencianos e Granadinos era muito grande no Marrocos, Mali, Argélia,
Tunísia, Líbia, Niger, Nigéria, Benin etc. e, disseminou em muitos casamentos.
A presença de um grande exército composto de Granadinos, Europeus, Cristãos Novos, 1500 Cavaleiros Árabes e 1000 auxiliares cameleiros, que falavam Castellano e Valenciano.
Outro fator marcante para a presença de nomes espanhóis no Sahel, foi a Peregrinação a Meca,organizada em 1495 por Askia Mohamed,acompanhado por seu sobrinho Alfa Mahmoud Kati,onde participaram milhares de peregrinos.Parte dos peregrinos,cansados da viagem decidiram abandonar a caravana e, se estabeleceram em ambas margens do Rio Niger entre o Benin e a Nigéria.O período de viagem era cerca de 2 anos,seguindo o mesmo itinerário que levou Kanko Moussa em 1323 a Meca.
Essa presença maciça de Mouriscos espanhóis, Cristãos Novos ( Mouros) e Cristãos Novos( Judeus) e outros,geraram uma genealogia no Maghreb e no Sahel; genealogia esta representada hoje em 20.000 famílias descendentes dos “Armas” Mouriscos
espanhóis e,outros tantas descendentes de Cristãos Novos e Judeus Sefaraditas, que se estendem da República do Mali até a Nigéria. Famílias estas conectadas ao Brasil pelo advento da escravidão, fugas e migrações voluntárias. O controle exercido pelos “Armas” sobre comércio transaariano está demonstrado pelo descobrimento em Gao de Estelas (Placa de Pedra) Funerárias esculpidas na Espanha.
Quanto a conexão de Judeus e Negros no Marrocos podemos citar o seguinte texto:
“No sul do Marrocos em Mogador notadamente, no ínicio do século, alguns Judeus possuíam escravos negros, quase exclusivamente mulheres, levando nomes de M`Barka ou Ghalya, geralmente oferecidas pelo Said aos seus amigos e correlacionados íntimos.
Adotavam o modo de vida e as práticas religiosas das famílias no meio das quais viviam e das quais passavam a ser membros da família inteiramente, exercendo influência sobre as crianças; Ao seu falecimento punham-se frequentemente problemas a respeito do seu lugar de sepultamento e algumas ente elas se convertiam ao judaísmo oficialmente”.
(Deux Mille ans de vie juive au Maroc – Haim Zafrani pág.124)
No Brasil alguns nomes próprios Mouros são refletidos onomasticamente nos milhares de:Altair (Al Thair),Cid (Said),Alcides (Al Said ),Almir (Al Amir ),Alcir (Al Sirr),Nilza (Al Nisa),Alzira (Al Zirat ou Al Jazirat ),Nair (Al Na`ir),Adail,Armando (Ahmad),
Amador (Amadou),Márcia/Mércia (Múrcia-Mursiyah).
Sobrenomes como Albuquerque, Alcântara, Almeida, Benac, Fará, Lockman (Luckman) Marroque, Massa, Mena, Moro, Sadoc, Suhet, Suhett, também são encontrados no Brasil e no Sahel.
A diversidade cultural e racial colonizou o Brasil, onde podemos ver no seguinte texto:
“Devemos reparar que o português colonizador e povoador não possuíam unidade étnica e cultural. Não por acaso, a Península Ibérica sofreu sucessivas passagens dos Fenícios,Romanos,Visigodos,Vândalos,Suevos,Alamos e Árabes,povos que fizeram amálgama com a primitiva população de Ligúrios,Celtas e Iberos.Por isso considerando as regiões de onde saíram – Entre Douro e Minho,Trás os Montes,Beira,Estremadura,
Alentejo e Algarves - os portugueses apresentavam tipos físicos distintos – alguns bem morenos, outros brancos; alguns altos, outros de estatura baixa ou mediana e diversidade. cultural”
(História da Bahia - Luís Henrique Dias Tavares, pág.43).
No Brasil o estado de Sergipe cuja primeira toponímia era “Sergipe Del Rey”em reverência ao Rei Felipe II da Espanha,a influência Mourisca se reflete na Festa de Mouros (Chegança),na arquitetura,nas cidades com nomes espanhóis como Quitale,Oiteiro,Patiola,Poxica,Queiroz entre outras,também o falar dos sergipanos,contudo este não é o único estado onde de fato há influência Mourisca,mas talvez o de maior influência dos Mouriscos espanhóis,por isso a mencionamos.
É inegável que Mouros Negros e Judeus muitas vezes associados aos Índios, tiveram grande influência na formação do povo brasileiro. Mas a genealogia Mourisca praticamente não é pesquisada ainda que com o advento da pesquisa do DNA, muitos brasileiros estão se surpreendendo quando vêem que seus Haplotipos são do Sahel e Maghreb.
Não por apologia ou proselitismo, mas sim no sentido de estimular aqueles que se enquadram no tema deste nosso trabalho e porque não a tantos outros de diferentes origens que compõem este imenso Brasil, a fazerem suas pesquisas genealógicas, sem medo ou vergonha da origem de seus antepassados. Todos os povos formadores da identidade brasileira têm o seu valor, ainda que uns se achem superiores a outros.

sábado, 17 de julho de 2010

Nomes de Famílias


Listas de Nomes de Famílias Descendente de Mouros e Judeus encontrados no Sahel na Península Ibérica e no Brasil:

Mouros
Abad/Aguilar/Albuquerque/Alcântara/Almeida/Amat (Hamaya)/
Ayelo/Baile/Banda/ Bandera/Barber/Bassa/Bay/Bello/Bouera/
Boyer/Cabre/Camara/Cano/Canut (Canuto)/ Castella/Dali/Davo/
Esteves/Garcia/Gómez/Guerra/Guindo/Leon/Mansilla/Massa/
Massia/Medrid (Madrid)/Mena/Molcá/Montcho (Moncho)/
Montoro (Mantoro)/Mora/ Moreira/Moulero (Mulero)/Mouoga/
Moya/Oro/Ouro/Peregri/Perez/Pina/Prat (Pratt)/ Rodriguez/
Segala/Sarro/Sastre/Segui/Seró/Tormo/.

Judeus Espanhóis no Marrocos
Albaz (Elva)/Almosnino/Arroyo/Bacri/Ballestero/BelHijia/Belijia/Benamor/
Benaquet/Bencagua/Bencebi/Bendarhan/Benichu/Bendarhan/Benmonton/
Benseria/ Bensoussan/Bentebria/Benuax/Benxequeron/Benzamerro/
Benzaquem/Berdugo/Bibas/ Biton/Bueno/Cabeça/Cansino/Cardoso/
Castro/Darmon/ElBohar/ElBohori/ElCubi/ElHaique/ElHatat/ElMati/
El Medione/Escudero/Ferro/Franco/Gabisson/Hagay/Herrera/ Hobo/
Maman/Maque/Masias/Mate/Medina/Melequi/Mendil/Messas/Miara/
Molco/ Molho/Monzón/Moreno/Mortera/Marroque/Najeri/Pallache/
Pardo/Pariente/Perez/ Pinto/Portal/Rapez/Rodríguez/Safico/Salama/
Sasportas/Sastre/Satorra/Semerro/ Serrucha/Sevillano/Sultan/Sultão/
Toledano/Vidal/Vital/Zumerros/

Judeus Espanhóis em Portugal Abarrizo/Abenazo/Abet/Abopa/Alcaraz/Álvares/Aranda/Ardutel/Batavias/
Benadret/ Cabanas/Cáceres/Calahorra/Carvajares/Cicioso/Corcoz/Coronel/
Fernandes/Gonçalves/ Maldonado/Niébla/Nunes/Pires/Rodrigues/Seneor/
Soares/Zacuto/

Nomes Mouriscos encontrados dentre os réus da Revolta dos Malês de 1835 no livro de João José Reis.
Arruecu – nome desconhecido entre os Yorubas aos quais este nome está relacionado no referido livro, porém é um nome desconhecido entre os subgrupos Yorubas.
Em nossa análise trata-se de uma deturpação do nome Marruecu, que segundo Xosé Lluiz García Arias em seu livro “Arabismo nel dominiu Llingüisticu Ástur” pág. 208,
editado pela Academia de la Llingua Asturiana e do qual destacamos a seguinte explicação para o referido nome: Marruecu “de Marruecos”; Marruecu” Torpe”,”de mala figura (uma persona)”.Na Nigéria existe o nome próprio Araeko,que é encontrado entre os Yorubas Ekiti,que são majoritariamente cristãos.
Baquim – nome (árabe) de uma cidade da República do Yemen e também nome de família na Espanha e Moçambique. Nome desconhecido entre os Hausas, porém na de réus aparece como sendo um destes. É um nome relacionado ao hebrew Boquim cujo significado é choro ou choroso.
Adolfo Cubi - El Cubi nome morisco encontrado no Marrocos.
Flame – nome encontrado na Espanha; porém como estamos analisando nomes de pessoas muçulmanas, acreditamos que esta grafia Flame é uma onomástica do nome árabe Falâmi que é encontrado na Argélia com variação para Ben Falâmi, uma grande família naquele país. Dentre os Yorubas, o nome Falâmi está associado as famílias muçulmanas.
Urbano Galá – onomástica do nome Galah de uma família da República do Mali.
Gaspar Huguby – onomástica de Ougbi família da cidade de Fès no Marrocos
Mama Adeluz – é uma corruptela do nome Maman de origem Sefaradim proveniente da cidade de Tanger no Marrocos e Adeluz nome espanhol , não tem nenhuma relação com Fulani ou Yoruba ,de acordo com especialistas destas etnias nigeianas.O nome correto seria Mamán Adeluz.
Mamolim – nome que se refere a Mira Mamolim ben Yacob do Marrocos,esta grafia não pertence a língua Hausa ,que utiliza como grafia Malomi que é uma onomástica do nome árabe Mu`allim que tem como significado “senhor” ou “professor” dependendo da região.
Manura - corruptela de Mamura, Mamora ou El Mamura possessão de Portugal no Marrocos no tempo de D.Manuel I -1515.
Namonin – onomástica do nome Namouni nome de uma família da República do Mali, nomes semelhantes no mesmo país, Namory e Namony. No norte da Nigéria encontramos a forma NA’Mallam.
Nicobé – não é um nome de origem Yoruba; é um nome espanhol. Porém existe uma família com o nome Ncobe na África do Sul, acreditamos não haver nenhuma relação com o nome do réu em questão.
Sumeno – onomástica de Sumano nome mourisco e, Soumano nome de uma família “Arma” da República do Mali.
Ao analisarmos estes nomes em epígrafe constantes da referida lista de réus, temos que levar em consideração os adventos como a expulsão dos Mouros da Espanha e Portugal, as peregrinações a Meca bem como as caravanas de mercadores e guerras que ocorreram no Maghreb e no Sahel, e que tiveram reflexos populacionais em várias nações que ficavam ou não na rota destes grandes eventos, de maneira que o estudo de nomes e da própria genealogia referentes aos países da Península Ibérica, países do norte e oeste africano e, em particular sua conexões com o Brasil, que é a nossa referência de trabalho, onde existe um grande número de descendentes de Mouros, Judeus e Africanos de várias nações; é salutar que se estude estes eventos que na realidade são anteriores ao fervilhar da escravidão no Brasil e neste caso particular,a conexão e participação de descendentes de mouriscos neste importante evento ocorrido na Bahia em 1835 o mais importante dentre outros do mesmo gênero como também a etimologia dos nomes por causa das transliterações,sobretudo nos nomes de origem árabe ou muçulmanos,pois sabemos que existe uma infinidade de erros em documentos diversos relacionados aos imigrantes,sejam eles forçados ou não.É importante também salientar que a figura do “Declarante” é uma realidade,onde muitos nomes e sobrenomes eram escritos da forma como se pronunciava.
As migrações para o território africano, após a saída dos Mouros e Judeus da Península Ibérica bem como as diversas incursões e caravanas dos árabes e persas,as migrações internas ,geraram muitos casamentos e consequentemente muitos filhos,como mencionamos anteriormente.Uthman Dan Fodio por exemplo saiu do Senegal com muitos homens em direção ao norte da Nigéria,hoje temos muitos descendentes de senegaleses no norte da Nigéria.
Quando da expulsão dos Mouros da Espanha, muitos se refugiaram na Nigéria que ainda hoje guarda muitas tradições e nomes de mouriscos nas famílias, sobretudo na região dos Hausas que segundo algumas tradições tem como patriarca um homem de
Bagdá no Iraque. Já os Judeus Yorubas tem em seu vocabulário muitas palavras do
Aramaico associada a língua yoruba
Ainda com relação aos Yorubas há pesquisas que dizem ser os mesmos oriundos de Canaan, devido a muitas tradições, que vão desde as cerimônias de nomes de crianças,circuncisão e outras.A palavra Baale (senhor) vem do hebrew Baal (senhor),Alufá (professor de religião,crente,devotado) tem como similar no hebrew Há-Alufá,Alûf ou Alûfi (crente,fiel,devotado),oro (luz) ,uri(luz) em outras tantas.E também persiste a história de Ben Lamurudu Ben Cush, ligada a Canaan.
Então para não nos furtarmos da verdade e da pesquisa histórica, colocamos como parâmetro estas informações para contribuir para um estudo não parcial no que se refere a “Revolta dos Malês” de 1835,na questão referente a genealogia,uma vez que cremos que estes insurretos deixaram descendentes na Bahia,que possivelmente virão ou já pesquisam suas genealogias.